Da Folha
Papéis mencionam auxiliares e familiares de tucano
Os papéis que circularam pelo comando da campanha de Dilma Rousseff (PT), tratados oficialmente por sua equipe como algo alheio à candidata e pelos tucanos como obra dela, tratam de transações financeiras que envolvem antigos colaboradores e familiares de José Serra (PSDB).
A Folha teve acesso a dois conjuntos de papéis. Um cita dados da CPI do Banestado (2003-2004), e o outro é sobre negócios atribuídos à filha de Serra, Verônica.
Os papéis da CPI relatam operações financeiras registradas entre 1997 e 2001 em nome de empresas que pertenciam ou pertenceram a Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador informal da campanha de Serra ao Senado, em 1994, e ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil no governo FHC.
Oliveira deixou o cargo no BB em 1998, após o escândalo dos grampos no BNDES.
Os papéis também relatam movimentações financeiras do empresário Gregorio Marin Preciado, casado com uma prima do presidenciável e sócio de Serra até 1995 em um imóvel.
O principal papel do conjunto é um relatório datado de 2004, assinado pelo relator da CPI, o deputado federal José Mentor (PT-SP).
O relatório foi enviado pela CPI à Justiça de São Paulo num processo movido em 2002 por Ricardo Sérgio contra a "IstoÉ", que havia citado os dados. A revista pediu ao juiz do caso que fosse possível buscar os documentos guardados pela CPI.
No relatório, Mentor descreveu que a CPI detectou operações de até US$ 2,7 milhões entre uma empresa então ligada a Ricardo Sérgio, a Consultatum, e uma "offshore", por meio de operações de remessas de dinheiro que fugiam às regras do BC.
O relatório de Mentor também transcreve remessas totais de US$ 410 mil de uma empresa com interesses no setor telefônico brasileiro.
Sobre os negócios de Verônica, a Folha manuseou, mas não obteve cópia dos papéis nem conseguiu verificar sua autenticidade. Eles tratam de operações contábeis feitas por empresa ligada a Verônica e seu marido.
Comentário
Nem vou discutir a veracidade ou não do chamado dossiê. Mas esse conteúdo que a Folha menciona faz parte do livro do repórter Amaury Ribeiro Jr. Ontem, depois de colocar a nota recebi email com o prefácio e mais um capítulo do livro. Está tudo lá. Decidi não publicar inclusive devido à complexidade do tema, que exige muito cuidado na análise dos dados e nas conclusões. Mas é evidente que o conteúdo mencionado pelo jornal faz parte do livro do Amaury, cujas investigações - incluindo viagens ao exterior - foram bancadas pelo jornal O Estado de Minas.
Assim como no episódio da "ditabranda" e das "fichas de Dilma" a Folha vai ficar enrolando, acumulando desgaste à toa, para ter que dar o braço a torcer mais à frente.
Hoje em dia qualquer grande empresa tem uma estratégia de administração de crise de imagem, devido à própria falta de discernimento dos jornais, de não ter critério para separar denúncias efetivas de factóides. As únicas empresas totalmente desaparelhadas para suas crises de imagem são os próprios jornais.
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