Participação do investimento no PIB seria a maior em aproximadamente 40 anos
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê um ritmo ainda mais acelerado de expansão dos investimentos na economia brasileira este ano. De acordo com o Informe Conjuntural da organização, a Formação Bruta de Capital Fixo (que é o nome técnico para o conjunto de investimentos privados e públicos da economia) deve ter expansão de 24,5% em 2010.
Com esse resultado, o nível de investimentos passa dos atuais 18% do Produto Interno Bruto (PIB) para 19,4%, o mais elevado da história recente, mas ainda perdendo para os anos 70.
O gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, afirmou que os investimentos vão liderar o processo de expansão da economia neste ano.
A CNI acaba de rever sua previsão para o crescimento de 2010, elevando a previsão para 7,2%. Antes, a estimativa era de uma alta de 6% para o PIB, mas o dado do primeiro trimestre veio forte e forçou a uma revisão para cima na previsão, que ficou bem próxima do PIB projetado pelo Banco Central, de 7,3%.
Na avaliação de Castelo Branco, o aumento nos investimentos é fundamental para a sustentabilidade do crescimento econômico brasileiro e vai promover uma acomodação no nível de utilização da capacidade instalada no segundo semestre, na casa de 83% a 84%.
Esse indicador é um dos mais atentamente monitorados pelo BC para a tomada de decisões de política monetária, pois evidencia a capacidade de a oferta de bens atender à demanda.
O economista lembrou que o ritmo dos investimentos neste ano ultrapassa 2008, período de forte crescimento da economia brasileira.
A CNI também elevou a estimativa de expansão para o PIB industrial, de 8% para 12,3%, e do consumo das famílias de 6,2% para 7,3%. A organização também enxerga um menor nível médio de desemprego este ano, de 7% (ante 7,2% na projeção anterior), mas manteve em 5,4% a projeção de alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o indicador oficial de inflação.
Outra mudança promovida pelo departamento econômico da CNI foi a elevação da estimativa para taxa básica de juros (Selic) no fim do ano, que passou de 11% para 11,50%. Mesmo assim, o cenário da indústria é de que o ciclo de aperto na política monetária será um pouco menor do que o esperado pelo mercado financeiro, que trabalha com pelo menos 12% ao final de 2010.
Desaceleração. Segundo Castelo Branco, a atividade econômica já começou a dar sinais de desaceleração no segundo trimestre e deve reduzir seu ritmo na segunda metade do ano. Além disso, a inflação vai desacelerar e o nível de uso da capacidade produtiva se estabilizar.
Some-se a isso uma contribuição menor da política fiscal para o aquecimento econômico, a crise na Europa e o próprio efeito da política monetária que tem subido os juros desde abril.
Diante desse cenário, na visão da CNI, o BC deve promover mais uma elevação de 0,75 ponto porcentual na Selic e fechar o ciclo em setembro, com mais 0,5 ponto porcentual.
A entidade dos empresários industriais elevou de US$ 50 bilhões para US$ 54 bilhões a estimativa de déficit na conta corrente? que registra as transações de bens e serviços do Brasil com o exterior ?, mas manteve em U$S 10 bilhões a projeção de superávit comercial. Para a CNI, as exportações somarão US$ 190 bilhões (ante US$ 185 bilhões previstos em maio) e as importações, US$ 180 bilhões (US$ 175 bilhões antes).
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