quinta-feira, 8 de julho de 2010

O governador que não falava com seus secretários – por Luis Nassif

Em dezembro escrevi sobre o modo José Serra de governar. Com base em conversas com membros do secretariado, mostrei que era um governador ausente das decisões do seu governo, que raramente promovia reuniões com secretários, separadamente ou em conjunto, que jamais tocou um programa inter-secretarias. Cada secretário ficava em seu gueto tocando suas coisas sem sinergia sequer com outras secretarias, sem feed-banck nem cobranças da parte do governador, que não manifestava o menor interesse pelo que faziam.

Alguns avanços enormes na área de gestão pública - como a coordenação de programas entre vários agentes, do governo, setor privado e da sociedade - sequer passaram perto da gestão de Serra.

A maior prova é que, tendo toda a velha mídia à sua disposição, não conseguia contar o que seu governo - ou seja, seus secretários - fazia.

A notícia abaixo fala da ampliação do "Bolsa Família" estadual. O tema que interessa não é nem o do reajuste do valor. É a afirmação do Secretário Delben Leite de que faz dois anos que não conversa com Serra.

Da Folha

Após promessa, SP amplia seu "Bolsa Família"

DE SÃO PAULO

Um dia depois de José Serra (PSDB) anunciar que pretende duplicar o Bolsa Família, o governo de São Paulo anunciou a ampliação de seus principais programas de transferência de renda.

As bolsas do Renda Cidadã e do Ação Jovem subirão de R$ 60 para R$ 80.

No entanto, o gasto do Renda Cidadã previsto para 2010 (R$ 116 milhões) é igual ao do ano eleitoral de 2006. De 2007 a 2009 foram gastos, em média, cerca de R$ 100 milhões, segundo o governo.

O secretário de Assistência Social, Luiz Carlos Delben Leite, afirmou que o anúncio não tem a ver com a fala de Serra sobre o Bolsa Família: "Nem sabia disso! Faz dois anos que não falo com ele".

Conforme a Folha revelou em maio, o Renda Cidadã e o Ação Jovem encolheram sob a gestão de Serra como governador. O pagamento caiu de R$ 279,5 milhões, em 2006, para R$ 198,9 milhões em 2009. Considerada a inflação, a queda chega a 38%.

Na ocasião, a pasta de Assistência e Desenvolvimento Social atribuiu a queda à melhora da renda no Estado no período.

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