John Edwards ficou para trás e, Obama, por quem eu já nutria algum receio à época, não me empolgou – desconfiava que sua boa oratória seria desprovida de ações quando tivesse oportunidade. Com o passar do tempo, caí no conto do vigário – sua votação contra a guerra do Iraque me chamou muita atenção.
Vim a apoiá-lo, quando ele só disputava contra Hillary Clinton – pessoa pela qual passei a nutrir sincero desprezo.
Barack Obama conseguiu uma serie de proezas: nem fez as mudanças necessárias para impedir que seu país continuasse rumo ao abismo (ao contrário, deu bilhões e mais bilhões aos rentistas), e, com o destino inexorável depois de tanta irresponsabilidade governamental (com a incrível ajuda do complexo financeiro-midiático – o militar não compareceu a festa, desta vez), nem conseguiu que ele saísse do fosso – o império ainda rasteja, com sua incrível taxa de desemprego, que se aproximou dos dois dígitos e, apesar de ter diminuído um pouco, ainda é maior do que a brasileira.
Não conseguiu aumentar os impostos sobre os mais ricos – diminuídos na gestão Bush, não conteve os gastos militares, não mudou sua política externa em absolutamente nada – minto, talvez mudou na retórica, e só nela –, o que representa um desastre, pois é o que há de pior no mundo.
Continua tentando “espalhar a democracia” no Oriente médio. Ou seja, tentar derrubar os ditadores que lhe são hostis enquanto acalenta os ditadores que lhe apoiam. Ah, claro! Financiando grupos de oposição – uma sórdida intromissão – nos países “autoritários”, como o Irã.
Continuam bloqueando a democracia nos países onde ela poderia surgir, se grupos islâmicos tiverem chance de vencer a eleição.
Quando o povo do país insiste em não votar de acordo com os interesses estadunidenses, como na OLP, eles ignoram os eleitos – de maneira a neutralizá-los de qualquer ação.
Os EUA continuam misturando no mesmo balaio ditaduras do Oriente médio com as democracias representativas da Venezuela, Cuba e do Equador – onde também financiam grupos opositores.
Continua apoiando o atroz país chamado Israel.
E etc., etc., etc, seria demais escrever aqui tudo pelo que eles são responsáveis.
Com sua tibieza, sua retórica emplumada e arrogante, com seu falatório e pouca ação, muito diz-que-diz pra pouca mudança – vide o ridículo a que é exposto seu corpo diplomático pelo wikileaks, ao solicitar que seus diplomatas espionem presidentes, ministros e afins dos países onde estão – Obama decepciona qualquer um que tenha um mínimo de isenção intelectual.
Aí embaixo vão algumas belas fotos oriundas do site Huffingtonpost do povo egípcio se insurgindo contra uma ditadura mambembe que se esfacela a olhos vistos.
Enquanto isto... Obama pede que o atual ditador não seja “candidato a reeleição” no próximo pleito.
Deus meu, ¡quanta caridade do Obama!
E para finalizar:
E o pior de tudo é que este governo ridículo que Obama coordena – ridículo porque embebido no continuísmo – dá vazão aos instintos mais abjetos do Tea Party (o fascismo à moda estadunidense).
Ao fracassar como governante, não corrigindo - diferentemente de Lula - a herança maldita que recebeu, Obama ainda conseguiu ficar como responsável perante grande parte da opinião pública pelo desacerto que anda a economia – o que não é completamente justo, já que muita coisa ele herdou.
Porém, o fato é, que ele herdou e tentou consertá-la do mesmo jeito (em alguns cargos com as mesmas cabeças) dos que o antecederam, Clinton e Bush. Um erro drástico.
Fazendo uma aproximação, é como se o presidente Lula, que sempre bateu na herança maldita, tivesse mantido o Palocci por todo o governo - que representava a mesmíssima continuidade do governo FHC...
(como costumo dizer, Palocci é um Malan com barba)
Obama prometeu muita coisa - não cumpriu nada, ou, o que cumpriu, o fez pelas metades, como o novo sistema de saúde que se anuncia.
Não sei se John Edwards teria conseguido fazer tudo que pregava, mas acho que ao menos as coisas não seriam tão fáceis para o status quo vigente - ele lutaria com mais vigor.
Enfim, o governo Barack Obama é uma decepção completa. Aliás, “decepção” talvez não seja a palavra, pois já não esperava muita coisa. Talvez o certo a dizer, é que seu governo é uma lástima.
P.S.: Serve de lição aos que dedicaram a Obama o prêmio Nobel da paz. Deve se premiar as pessoas pelo que elas JÁ fizeram – não por aquilo que se espera que elas farão. Obama era uma esperança – que se frustrou. Agora, que o injusto prêmio já foi dado, não há como voltar atrás.
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