Que levaria o pistoleiro paraense Rayfran das Neves Sales, vulgo Fogoió, a assassinar a missionária americana Dorothy Stang com seis tiros de boa pontaria, em Anapu, a 600 quilômetros de Belém, em fevereiro de 2005? Fervor antiamericanista? Defesa da paz social ameaçada na região por uma revolucionária de 74 anos disposta a incentivar invasões de propriedades privadas?
Condenado no primeiro processo, Fogoió fora sentenciado a 27 anos de prisão. Na terça 6 de maio, sua pena foi aumentada para 28 anos pela 2ª Vara do Júri de Belém. Fez jus ao segundo julgamento por ter sofrido pena superior a 20 anos. Em compensação, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, vulgo Bida, acusado de ser mandante do crime e condenado a 30 anos de reclusão no primeiro processo, desta vez foi absolvido por 5 votos a 2.
Simples como a invenção da água quente. Fogoió, que acusara Bida como autor de oferta irrecusável para executar a missionária, retratou-se agora com candura ímpar. E ao sair do tribunal Bida foi festejado por parentes, amigos e pares, donos de terras imensas de origem duvidosa. Só faltou ser levado em triunfo como herói de guerra contra a subversão, diante do atroz espanto do irmão de Dorothy, que veio dos EUA para assistir ao julgamento. Não contava com as surpresas dos trópicos.
Este trágico enredo faz pensar em outro, infinitamente menos importante e, ao certo, inclinado à comédia. Os travestis que na semana passada participaram de empolgante aventura, a par de surpreendente, em companhia e por solicitação de Ronaldo, vulgo Fenômeno, imitaram Fogoió e se retrataram. E com igual candura, anunciaram, a bem do futebol nativo e mundial, que na festa supostamente brava não rolou sexo e tampouco droga.
No caso, só faltou dizer que se reuniram para elevar preces ao Deus de Kaká.
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