Com alarde, os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Reinhold Stephanes (Agricultura) anunciaram, na terça-feira 27, um pacote de valor recorde, de 75 bilhões de reais, para renegociar as dívidas dos agricultores inadimplentes e ampliar os prazos de pagamento. Há até a possibilidade de quitação do débito com 80% de desconto. Segundo Stephanes, “é preconceito achar que os agricultores são caloteiros”. Em oposição à euforia da equipe econômica, o setor rural não desdenhou a iniciativa, mas a classificou de tardia e não abrangente. Têm razão os produtores agrícolas. Assim como o titular da Agricultura.
Um dos fatores que afundaram o setor em dívidas foi o câmbio valorizado, para o qual Lula fecha os olhos e cede às decisões do Banco Central. Outro, como costuma citar o ex-ministro e colunista de CartaCapital, Delfim Netto, está ligado diretamente à ausência do seguro da safra, não incentivado pelo governo. Além disso, faltam investimentos em pesquisa para melhorar a produtividade. Por fim, um ponto irrefutável é a falta de infra-estrutura para o transporte e escoamento da produção no País e as pendengas ambientais, invariavelmente mal-explicadas à população. Além de, é claro, existir o efeito da natureza sobre o campo, nem sempre benéfico.
Sob aplausos tímidos, o pacote ganhou manchetes. Seria, no entanto, mais convincente se viesse acompanhado de medidas que contemplem o futuro e não apenas tentem consertar os estragos do passado. O Brasil, lembre-se, é produtor de commodities por excelência. Por ora, os ventos sopram a nosso favor. Mas podem mudar.
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