Duas matérias do Valor sobre a crise cambial (clique aqui).
Uma, do melhor repórter financeiro do país, o Luiz Sérgio Guimarães. Ele mostra o desastre que foi o “swap reverso”, explica que a especulação de ontem nada tem a ver com o chamado “dólar pronto” – que foi objeto de leilão por parte do BC -, que é movimento puramente especulativo.
“Da mesma forma que o BC errou ao permitir, em 2006, que o dólar caísse abaixo de R$ 2,00, equivocou-se agora, no início do mês, ao autorizar que superasse os R$ 2,00. Ele optou pela estratégia de apenas observar a alta enquanto ajudava, via leilão de swaps cambiais, os bancos a se livrar dos hoje ruinosos (antigamente, ultrarentáveis) swaps reversos.
É informação da mais alta relevância. Depois dos enormes lucros do mercado com os “swaps reversos”, na fase de queda do dólar, o BC entrou e, bancado pelo Tesouro, ajudou a tirar o mico das mãos dos bancos.
Tem mais. O sistema financeiro já estava desmontando suas posições de câmbio, enquanto a pesquisa semanal Focus, do Banco Central, continuava apontando estabilidade do dólar este ano e no próximo.
Como fica? A Tesouraria dos bancos não estava acreditando em seus economistas? Ou foram instrumentos para manter o dólar baixo enquanto os baixos saíam de suas posições cambiais?
A segunda matéria mostra mais uma empresa, a Votorantim, saindo das posições de swap com o dólar nas alturas. Como é empresa de capital fechado não dá para saber seu prejuízo.
As matérias informam também de empresas que começam a contestar judicialmente essa operação com os bancos.
Enfim, o BC conseguiu o que se alertava há tempos. Manteve um câmbio irreal, para poder proporcionar lucros extraordinários ao sistema. Permitiu operações de alto risco para calar a boca dos grandes exportadores. E agora deixa o país nessa situação.
TCU e Ministério Público: é sua vez.
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