Seria divertido, não fosse trágico, a perda momentânea do discurso das chamadas fontes econômicas em permanente disponibilidade e a perda de foco da cobertura econômica. Daqui a pouco serão criados novos chavões que passarão a ser repetidos como mantra.
Hoje, tem-se uma situação totalmente distinta daquela de duas semanas atrás. Problemas escondidos que apareceram, incêndios lavrando. Mas não houve tempo ainda para a uniformização do discurso. Aí as fontes em permanente disponibilidade repetem o bordão anterior, sem tempo para renovar, os papagaios ecoam, criando uma balbúrdia infernal.
Por exemplo:
Raul Velloso continua com o mantra de reduzir despesas para enfrentar a crise. Até tem sua dose de razão porque a atividade econômica vai cair e, com ela, a arrecadação. Mas não analisa o impacto da provável queda de juros sobre o superávit porque ele não é especialista em juros. E como o Jornal Nacional não é especialista em economia, coloca o discurso do Raul como se fosse o tema relevante do momento.
Maílson repete Raul. Depois, repete Pastore. Depois, repete o grande macro-economista Natan Blanche.
Giambiagi e Schwartsman insistem que o problema é a inflação e o governo tem que aumentar os juros.
Pastore insiste que o câmbio tem que cair e o equilíbrio externo deve ser alcançado com recessão.
Essa é a diferença dos seres estatísticos (como Pastore, figura maior, Schwartsman, em outro nível), especialistas que enxergam o mundo apenas através da sua área de especialidade (Velloso e Giambiagi) e opinadores (Maílson).
Compare com a visão de conjunto de Delfim, Nakano, com a visão histórica de Belluzzo, com a visão sólida de operador de Eris e se entenderá que a planilha é relevante, desde que o dono da planilha tenha a visão de conjunto para definir as correlações relevantes.
Ou seja, um bom planilheiro medindo os impactos dos modelos pensados por Nakano e Delfim vale mais do que um planilheiro querendo entender o mundo a partir da sua planilha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário