Em virtude de minhas ligações com autoridades italianas, consegui conversar pelo telefone com Totó Riina, o boss de Corleone, maior figura mafiosa até ser preso, faz quinze anos. Está em cárcere de segurança máxima e falou comigo diretamente de sua cela, autorizada a entrevista por quem de direito. Transcrevo o diálogo:
Eu – Que acha da Operação Satiagraha?
Ele – Obviamente, um desplante.
Eu – Como assim?
Ele – Transparece nela o ódio de classe, como, de resto, se deu no meu caso, só que com papéis trocados.
Eu – Ódio de classe?
Ele – A Operação Satiagraha parte de um preconceito furibundo contra os ricos. No meu caso, contra os pobres.
Eu – E o senhor seria pobre?
Ele – Eu defendo os pobres, sou o paladino dos miseráveis da Sicília. Quanto ao Brasil, que exigir de Daniel Dantas? Que ele não mostre suas habilidades, sua picardia, seu tino, ao explorar o clima de corrupção que vigora nos ambientes da política brasileira?
Eu – Trata-se de um corruptor?
Ele – Por que não, se a turma nada deseja além de ser corrompida? Inocente, eu sustento, inocente. E nem me fale de outros que o juiz De Sanctis mandou prender juntamente com ele.
Eu – E quem é culpado, então?
Ele – A resposta é simples: além de De Sanctis, os delegados que entraram na operação, todos sem exceção, da PF e da Abin, a começar, está claro, pelo delegado Protógenes.
Eu – Culpados? Por quê?
Ele – Agiram contra inocentes, chegaram a prendê-los, ainda bem que o ministro Gilmar Mendes vela sobre o Brasil e impede esses crimes policiais. Atuaram a partir de seu impiedoso preconceito em relação aos ricos que enriqueceram legitimamente, a considerar a situação brasileira. Se venta a favor, o barco vai navegar contracorrente? Deram ouvido ao ódio de classe para inventar enredos inviáveis quando é de clareza solar que onde há corrupção o corruptor porta-se corretamente.
Eu – Quer dizer que, na sua opinião, os culpados são os policiais da Satiagraha?
Ele – Claro, claríssimo. Aliás, acabo de ser informado que a corregedoria da Polícia Federal autorizou busca e apreensão na casa desses policiais. Felizmente, à testa da PF temos o delegado Luiz Fernando Correa, um esteio da investigação isenta. Só não entendo porque não foi incluída a residência do delegado Paulo Lacerda. As notícias que chegam do Brasil me deixam muito satisfeito. Ao contrário do que aconteceu comigo, lá se faz Justiça.
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