Não se trata de requentar notícias passadas, mas sim de continuar considerando-as no momento atual de tomar decisões, principalmente de ordem política. Afinal, os mesmos atores continuam em cena, fazendo propostas para o Brasil.
Refiro-me à atual crise econômica internacional ocasionada pelo descontrole do mercado de crédito imobiliário nos Estados Unidos, que tem arrastado para baixo as bolsas de valores das principais economias do mundo.
O efeito, ainda quase imperceptível para o cidadão comum brasileiro, deve-se, sobretudo à baixa dependência da economia brasileira em relação à economia americana, que representa atualmente, de 15% a 17% da nossa balança comercial.
A razão é bastante simples: a política externa do presidente Lula abriu novas fronteiras para o comércio exterior brasileiro, diversificando e ampliando a nossa pauta de exportações com países europeus, asiáticos, latino-americanos (Mercosul, sobretudo), do continente africano e do mundo árabe, inclusive.
Lula foi criticado por isso: a FIESP, o PSDB e o DEMOCRATAS (DEM, ex-PFL), entre outros, acusaram o presidente de “viajar demais”, de ser preconceituoso em relação aos EUA, de miopia econômica por “desconsiderar a potência da locomotiva americana”. Parte da mídia descomprometida com a seriedade da notícia inflou o discurso oposicionista e taxou a alcunha do “aerolula” como símbolo desse suposto equívoco do presidente.
Houvesse o presidente Lula dado ouvido aos seus críticos de ocasião – ou ainda, o próprio eleitor na disputa de 2006 – e o Brasil estaria hoje amargando os efeitos nefastos da crise americana. Alguns – da decaída elite paulista, principalmente – poderiam até achar “chique” essa doentia relação de dependência. Sentir-se iam mais “americanos”: Oh my God!
Outros, como nós, os trabalhadores, preferimos reconhecer o mérito de um presidente que perseguiu com determinação o objetivo de reduzir a vulnerabilidade externa do país, aproveitando as excepcionais condições da economia internacional, de alta liquidez, fartura de crédito, taxas de juros mais baixas e valorização das commodities.
Cresceram as exportações, diversificaram-se os exportadores (talvez resida aí a oposição dos tubarões da FIESP), aumentou a importação de bens de capital, cresceu a produtividade e, principalmente, multiplicaram-se os empregos, o que levou ao aumento do consumo e o aquecimento do mercado interno, atribuindo estabilidade ao crescimento da economia brasileira, antes acostumada a mergulhar em profunda recessão toda vez que alguém tropeçava do outro lado do planeta.
Afinal, nessas ocasiões, quem pagava o pato éramos nós os trabalhadores e os pequenos e médios empresários. Hoje, temos desafios pela frente – reforma tributária e reforma política entre outros -, mas estamos cada vez mais preparados para enfrentá-los. Que Lula continue viajando pelo Brasil, pela América Latina e pelo mundo, em seu “aerolula”, ajudando a integrar os nossos povos e as nossas economias, livrando-nos definitivamente da tutela e da dependência dos coronéis, dos beatos milagreiros e da economia americana.
Paulo Lage é presidente do Sindicato dos Químicos do ABC
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