A deturpação completa do jornalismo político pode ser encontrada hoje na coluna de opinião de Clóvis Rossi. Ele levanta uma tese que admite frágil, mas não perde a oportunidade de esculhambar o governo Lula. Como governos são entes meio acostumados a esse tipo de tratamento e sem grandes caracterizações particulares, seria possível relevar a baixaria. Mas ela ganha contornos intragáveis quando Rossi cita nominalmente o vereador por São Paulo Antonio Donato e o consultor Luiz Melhado.
Sugere que o segundo seria um “campeão das boquinhas”. E que o primeiro poderia ter agido como corrupto.
E qual a hipótese que o leva a tais sugestões? O fato de Luiz Melhado, sendo prestador de serviços para o governo de Marta Suplicy, ter doado 4 mil reais para a campanha do vereador Donato em 2004.
Pelo que apurei, os 4 mil reais entraram como doação porque Luiz Melhado teria comprado dois convites de 2 mil reais para ir com sua esposa num desses jantares de campanha de arrecadação de fundos. A declaração honesta do seu gasto lhe vale a reputação em jogo na opnião de um jornalista experiente.
A Editora Abril doou 39,4 mil reais para o deputado federal Alberto Goldman quando esse foi candidato a deputado federal em 2002. Não li coluna de Rossi insinuando nada a respeito. Hoje Goldman é vice do governador José Serra.
Indignação seletiva é um direito do colunista, mas atacar a dignidade de pessoas com base nelas é algo torpe. E se Luiz Melhado, que até onde sei é um profissional sério e correto, vier a processá-lo pela insinuação que lhe causa danos morais? Rossi provavelmente vai se dizer perseguido pelo petismo. Simples, né?
Não gosto dessa história de PIG e nem acho que a mídia se comporta como golpista em cada crítica que faz ao governo (voltarei ao assunto ainda hoje), mas são colunas como essa de hoje de Rossi, no mínimo irresponsáveis, para dizer pouco, que contribuem para esse tipo de caracterização do jornalismo atual.
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