No domingo 27 de janeiro, faleceu o general Suharto, ditador da Indonésia de outubro de 1965 a maio de 1998. Nessa data, foi derrubado por um movimento popular deflagrado pelas medidas de austeridade que o FMI e o Banco Mundial o obrigaram a aplicar ante a crise asiática, na qual seu país foi o mais brutalmente afetado.
Logo após tomar o poder, Suharto foi responsável pela morte de 500 mil a 1 milhão de supostos militantes e simpatizantes comunistas apontados por inimigos locais ou pela CIA. Guardadas as proporções, o massacre nada ficou a dever aos perpetrados sob as ordens de Stalin e Mao. Reduzido a figura decorativa, Sukarno, nacionalista e esquerdista que liderara a independência, foi formalmente deposto em março de 1967.
Fez-se reeleger, porém, em 1973, 1978, 1983, 1988, 1993 e 1998, garantindo maioria absoluta aos governistas no Parlamento ante os dois partidos da oposição consentida. A corrupção atingiu dimensões incomuns mesmo para países periféricos: segundo o jornal Globe and Mail, sua família, sozinha, apoderou-se de 35 bilhões de dólares, cerca de 4% do PIB do país (9 bilhões depositados em um banco da Áustria), além de 3,6 milhões de hectares de terras. Ao invadir e anexar a ex-colônia portuguesa do Timor-Leste, a partir de 1975, foi também responsável pela morte de 200 mil dos 650 mil habitantes do território – o pior genocídio desde o Holocausto, em termos proporcionais.
Ainda assim, Suharto sempre teve ótimas relações com os EUA. Mesmo depois do fim da Guerra Fria, sob os governos de Bush pai e Bill Clinton, as violações de direitos humanos na Indonésia nunca foram sancionadas com mais do que expressões de “preocupação”.
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