Raúl Reyes era o principal negociador das FARCs com os governos da Venezuela e da França para a libertação de prisioneiros de guerra e a busca de um espaço para negociações de paz mais amplas na Colômbia. Por duas vezes a ex-senadora Ingrid Betancourt esteve para ser libertada.
Na primeira delas o governo Álvaro Uribe armou emboscada para os guerrilheiros que, em missão de paz e acertada com o governo da Colômbia, estavam levando provas de que a ex-senadora estava viva.
Os documentos, inclusive as cartas pessoais de Ingrid a sua família foram divulgadas por Uribe o que gerou protestos da mãe de Ingrid, de sua irmã e dos seus filhos.
No momento que foi assassinado, Reyes estava em território do Equador e negociava com o governo francês através do presidente Chávez e do presidente Corrêa a libertação de Betancourt. Uribe sabia, Uribe havia concordado como da vez anterior, Uribe traiu.
Pela segunda vez Uribe frustrou qualquer perspectiva nesse sentido pela simples razão que não lhe interessa a libertação de Ingrid Betancourt, sua adversária política.
O ataque terrorista colombiano foi feito oito quilômetros dentro do território equatoriano e o presidente Corrêa já protestou e chamou seu embaixador em Bogotá, afirmando inclusive que o telefonema de Uribe informando sobre ações militares na fronteira dos dois países foi “mentiroso e audacioso”. Uribe não falou que a força aérea da Colômbia estava atacando em território do Equador.
O presidente da Venezuela Hugo Chávez já advertiu o líder colombiano que caso operações semelhantes venham a ser feitas no território da Venezuela haverá guerra. Chávez é o principal negociador para a libertação de Betancourt, conta com apoio do governo francês e de vários outros países interessados em encontrar uma solução de paz para a guerra civil na Colômbia.
Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, deu entrevistas em Manágua e condenou a ação terrorista do governo de Uribe, afirmando, entre outras coisas, que “Reyes era um negociador e estava negociando a paz”.
Ingrid Betancourt é apenas um peão nesse jogo todo e não interessa a Uribe (que quer mudar a constituição para ter mais um mandato, o terceiro) que a ex-senadora seja solta. Vai complicar o processo político na Colômbia e forçá-lo a aceitar negociações com as FARCs.
Governos europeus não alinhados com a política terrorista de Washington - Bush é o verdadeiro governante da Colômbia - mostram-se indignados com a ação terrorista da organização de Uribe.
O presidente da França, que é aliado dos Estados Unidos, lamentou que as perspectivas de paz tenham sido interrompidas por essa ação insana e que violou o direito internacional (Uribe operou em território do Equador), eliminando perspectivas imediatas e concretas de paz.
O acampamento das FARCs no Equador tinha o objetivo de ampliar as negociações para a libertação de Ingrid Betancourt e outros prisioneiros de guerra, depois de várias manifestações das FARCs nessa direção, inclusive a libertação de vários presos de guerra nas últimas semanas, exemplo que vem sendo seguido pela outra força insurgente, o Exército de Libertação Nacional (ELN).
A hipótese de uma ação terrorista colombiana na Venezuela não está descartada e pode ser parte do golpe em constante articulação contra o governo do presidente Chávez.
É só lembrar que os Estados Unidos armaram, com armas químicas e biológicas, inclusive, o governo de Saddam Hussein para uma guerra contra o Irã e o chefe da Al Quaeda, Osama bin Laden, para enfrentar as tropas da extinta União Soviética no Afeganistão.
Faz parte do conjunto de ações terroristas da Casa Branca esse tipo de prática. O discurso de democracia, direitos humanos, liberdade, etc, se esvai nos campos de concentração de Guantánamo, no Afeganistão (800 prisioneiros sem culpa formada), nos seqüestros praticados contra cidadãos árabes em países europeus (a CIA responde a processos na Itália e na Alemanha por ações dessa natureza) e na autorização expressa de George Bush para a prática de tortura contra presos que “ameacem os interesses dos Estados Unidos”.
A simples possibilidade de libertação de Ingrid Betancourt, pelo que passou a significar e a perspectiva de negociações de paz na Colômbia frustra o narcotráfico, no poder desde que Uribe foi eleito a primeira vez, contraria interesses norte-americanos, o maior deles derrubar Chávez e apropriar-se do petróleo da Venezuela e dispor de bases efetivas na Região Amazônica, outro grande objetivo da Casa Branca e dos grupos que representa.
Uribe é um preposto dos EUA, acusado de ligações com o narcotráfico, um homem sem entranhas e respeito pelo que quer que seja e assim como o governo de Israel, não quer a paz, não lhe interessa a paz, não pretende a paz. Em torno de todo esse discurso o que existe são “negócios”, apenas “negócios”.
As principais redes de televisão controladas pelos governos norte-americano e colombiano já receberam instruções para dar destaque à morte de Reyes como sendo um golpe no “terrorismo das FARCs” e assim, jornais e revistas, a imensa e esmagadora maioria dos veículos de comunicação na América Latina, Ásia e África e boa parte da Europa e assim, ocultar a verdade dos fatos.
No caso específico do Brasil, a Rede Globo, no afã de endossar os informes recebidos dessas organizações (Casa Branca, Bogotá, etc) montou informes especiais para mentir e vender a idéia de democracia aos telespectadores que considera idiotas padrão Homer Simpson.
É a grande pasta do terrorismo mundial, a norte-americana. Bush não integra nenhum “corpo atuante” de uma arapuca, mas gosta de profissionais decorando com luzes natalinas e cristãs a Casa Branca.
Uribe assassinou Reyes para dificultar as negociações de paz e a libertação de Ingrid Betancourt, neste momento, símbolo do que pode vir a ser o futuro da Colômbia. Não é o que ele Uribe quer, nem Washington.
Mesmo caso do governo de Israel que pratica terrorismo de Estado contra os palestinos. Casas de palestinos destruídas pelo governo israelense no ataque à Faixa de Gaza, no justo momento que o Hammas propõe a paz e 64% da população de Israel diz que aceita. Ao terrorismo de Estado israelense não interessa a paz, nem a Uribe. “São negócios” e são “parceiros” na barbárie.
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