O eixo Veja-Folha e o caso Lina
Não há limites para esse eixo Veja-Folha que se formou anos atrás e prossegue impávido, mesmo depois do desmoronamento da credibilidade da revista (clique aqui para ler a íntegra das matérias).
Esta semana, Veja apresenta um furo estrambólico: diz que Lina Vieira, a ex-Secretária da Receita Federal, finalmente (dois meses após o escândalo em torno da suporta reunião reservada com Dilma Rousseff) abriu sua mala e, ó surpresa!, encontrou a agenda perdida, onde estava escrito à mão a data da sua reunião com a Ministra Dilma Rousseff.
A reportagem da Veja é um desses primores do antijornalismo:
Em um trecho, admite (ufa!) que a Secretária tinha dito que a tal reunião talvez ocorrera em dezembro.
A ex-secretária, por sua vez, nunca apresentou provas convincentes, além do próprio testemunho, de que a conversa realmente existira. O dia? Lina não se lembrava. O mês? Lina dizia que fora próximo ao fim de 2008, talvez em dezembro. Quando questionada sobre a imprecisão, justificava afirmando que todos os detalhes estavam registrados em sua agenda pessoal.
Agora, a tal agenda apareceu. E, segundo a revista, tem um dado capaz de mudar tudo: uma anotação à mão (!).
ex-secretária da Receita fez uma anotação a mão em 9 de outubro de 2008, logo em seguida à reunião com Dilma. Ela escreveu: “Dar retorno à ministra sobre família Sarney”. De acordo com um amigo de Lina, a quem ela confidenciou ter achado a agenda, bem como detalhes ainda não revelados sobre o encontro, a reunião ocorreu pela manhã, próximo ao horário do almoço, fora da relação de compromissos oficiais da ministra.
Consultem-se os jornais da época (clique aqui):
Em 28 de agosto o Palácio informou os dias em que Lina esteve por lá. Entre os quais, 9 de outubro. Esse mesmo dia que a Veja, agora, apresenta como furo.
O non-sense da matéria produz essa pérola de jornalismo investigativo:
O registro feito pela ex-secretária em sua agenda pessoal não é, obviamente, prova irrefutável de que a reunião realmente ocorreu e, consequentemente, de que Dilma não disse a verdade. Mas sua existência é um avanço considerável, sobretudo quando analisado em conjunto com informações já conhecidas.
Mas que “informações já conhecidas” seriam essas?
A reportagem prossegue e, (surpresa!) admite o óbvio conhecido: que a tal data de 9 de outubro não era novidade nenhuma
Em agosto passado, o senador Romero Jucá, um dos principais defensores do governo no Congresso, divulgou um relatório com as entradas oficiais de Lina no Palácio do Planalto. De acordo com Jucá, a ex-secretária esteve no Planalto quatro vezes – em outubro de 2008 e nos meses de janeiro, fevereiro e maio de 2009. O único ingresso registrado no ano passado, portanto, ocorreu em 9 de outubro, às 10h13. Lina, segundo os registros oficiais, deixou o Planalto às 11h29 do mesmo dia.
Então, qual a novidade da matéria? E por que Jucá teria divulgado a data do encontro?
Na época, interessava ao governo divulgar a informação porque, embora afirmasse não lembrar com exatidão a data do encontro, Lina dizia que a reunião teria ocorrido no fim do ano, provavelmente em dezembro. A falta de registro de um ingresso de Lina naquele mês, portanto, seria um indício de que a ex-secretária mentia ao confirmar o encontro com a ministra. Agora, com o surgimento da agenda, e da anotação de que o encontro com Dilma ocorreu no mesmo dia 9 de outubro, a tentativa de desmentir a ex-secretária pode acabar confirmando sua versão.
Em 12 de agosto de 2009, Dilma Rousseff havia desafiado Lina a mostrar a agenda. Em 18 de agosto de 2008, foi a vez de Lula desafiar Lina, e nada.
Logo depois, Lina informara aos Senadores de oposição que a reunião secreta teria ocorrido em 19 de dezembro. O dia foi desmentido pela própria comparação das agendas de Dilma e Lina – uma em reunião com a Petrobras, outra viajando para o Rio Grande do Norte.
Sempre que apresenta uma denúncia inconsistente (ou seja, sempre), um velho truque da revista consiste em deixar no ar que existem mais coisas, mais provas. Só que não apresenta, porque não existem.
Quantas e quantas vezes desmascarei aqui matérias furadas, mentirosas. E sempre vinha um leitor indicando uma pista que a revista deixava no ar – como se fosse um trunfo guardado na manga. Semanas depois, o trunfo continuava na manga para sempre: era blefe.
Agora, o adicional – não mostrado pela revista – é um CD onde supostamente estariam todos os emails trocados entre Lina e seus subordinados, provando tudo. Ora, presume-se que Lina se valeria do sistema oficial de emails da Secretaria. Quando desafiada a mostrar provas de que tivesse buscado informações sobre Sarney após a reunião, bastaria a ela acessar sua caixa postal na Receita e mostrar as providências que teria tomado após a reunião.
No seu Blog, Paulo Moreira Leite aponta mais dois fatos extraordinários. O repórter da Veja sequer leu a agenda. Limitou-se a registrar o depoimento de alguém – provavelmente da própria Lina. E Lina, que era incapaz de saber o dia da reunião, na CPI foi capaz de afirmar peremptoriamente que no dia 9 de outubro não se reuniu com Dilma. Isto em depoimento na CPI – onde a mentira pode ser punida. Veja deixou de lado esse depoimento para se fiar em um depoimento em off, de alguém que disse ter visto a anotação na agenda.
É desmoralizante.
A intenção da revista é de uma obviedade que espanta:
A descoberta da agenda de Lina acontece em um momento especial para a ministra Dilma Rousseff, que, com a saúde recuperada, volta a empinar sua candidatura à Presidência. Apesar de ainda patinar nas pesquisas, a ministra tem conseguido apoios importantes, resultado de sua dupla jornada como ministra e candidata à sucessão de Lula.
Depois do Tico, o Teco
Depois que o Tico dá a senha, entra o Teco – matéria da Folha, de Leonardo Souza, repercutindo a “denúncia” da Veja.
Segundo a matéria da Folha, Lina conseguiu a agenda logo depois da sessão da CPI, mas não divulgou porque recebeu recados de “pessoas ligadas ao governo” para deixar o assunto morrer. Ou seja, a mulher que foi à CPI, que se transformou no principal instrumento dos senadores da oposição, que chamou a Ministra de mentirosa , e que foi chamada de mentirosa pelo governo, não divulgou a “prova” de que não mentia porque recebeu recados… do governo.
O mais incrível é que todo esse carnaval não repousa em cima de nenhuma acusação. Na primeira matéria à Folha, Lina diz que Dilma teria pedido para agilizar as investigações sobre Fernando Sarney. Ela – Lina – que deduziu que o pedido poderia ser para abafar o caso. Não tem acusação, não tem crime, não tem jornalismo. É uma discussão besta sobre se a reunião ocorreu ou não e se Dilma pediu ou para agilizar as investigações. Apenas isso. Criou-se um fato jornalístico, provavelmente falso, em cima de um não-escândalo.
O que disse Lina Vieira na CPI, segundo a própria Veja (clique aqui)
Questionada se Dilma teria pressionado a arquivar o processo, Lina disse que não. “A ministra me disse para agilizar a fiscalização do procedimento contra o filho de Sarney, mas, de forma alguma, o pedido foi para não investigar o filho de Sarney. Foi apenas para dar agilidade”, afirmou a ex-secretária.
O problema não é apenas o da manipulação. É da manipulação grosseira, porque desaprenderam princípios básicos de jornalismo. Esse é o drama principal de alguns veículos como Folha e Veja. Até a manipulação exige domínio de princípios jornalísticos. Anos e anos de uso do cachimbo deixaram a boca torta: não se sabe mais fazer jornalismo.
Como lembra o leitor Jeová Barros de Almeida Júnior:
A “veia”, que o trem matou, morreu.
Deu na revista “espia” que a agenda da ex-secretária da receita federal, Lina Vieira, apareceu e nela, pásmem!, consta o encontro que já havia sido divulgado pela própria casa civil, o qual se deu em 09 de outubro, e não como ela havia dito, em dezembro.
A revista “espia” (mas não olha) chega a uma conclusão que mudará a história da humanidade, da qual que discordo solenemente: A “VEIA”, QUE O TREM MATOU, MORREU!
Eu digo que não é factível, pois a verdade é que: Morreu a “veia” que o trem matou!
Por Romanelli
Reunião pela manhã?
Mas a sala não estava na penumbra? ..será que DILMA estava com conjuntivite?
e sobre o marido de LINA ter ligações com opositores de LULA e Dilma, ligados ao DEMO, a Agripino, nem uma palavrinha?
e DILMA? Finalmente, pro bem da nossa SOCIEDADE, vai processar a FAlha pela ficha falsa, a revistaVEJA (ou seria “Espia-ãh”) e LINA?
relembre aqui parte do depoimento dela:
http://www.blogdomarlon.com.br/tag/lina-vieira/
e o ESTADO brasileiro vai processar a mídia pelo pânico da Febre Amarela e da gripe suína?
sei não …se não …parce mesmo que tem algo a temer ..né não?
Por Bruno Galvão
É uma farsa tão mal feita. É triste saber que tem pessoas que acreditam numa farsa super mal feita dessas. Boa é a reportagem de Leila Swan no Globo em 20 de agosto:
“Segundo o relato da ex-secretária Lina Vieira a parlamentares do PSDB, a data de 19 de dezembro teria sido EXATAMENTE a data do encontro”. Pode-se ver na reportagem que a escolha dessa data foi por causa de furos na agenda da Dilma. Oh, episódio de mentiras fracas.
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/08/19/agenda-oficial-de-dilma-tem-erros-omissoes-757486430.asp
A Lina da CPI desmente a Lina da Veja
Por Nivea Maria de Figueiredo Moreno
POR FAVOR, ASSISTAM ESSE VIDEO
Esse video acaba com a versão da LINA….aos 043 segundos, o Senador Mercadante lembra que no dia 09 de outubro Lina esteve com a ministra tratando do FORUM DE SIOUX, que se realizaria no dia 10 de outubro.
TRANSCREVO A FALA DE MERCADANTE (clique aqui)
“…No dia nove de outubro a senhora teve uma audiencia, tratando do Forum dos CEOs, que se realizaria no dia dez de outubro…”
Por Alberto Porém Jr.
O que realmente importa.
Luis Nassif, para a FSP, mais importante do que o que diz a reportagem é o que sai na capa deste domingo ao qual transcrevo integralmente pois não pode ser copiado e colado.
Porque digo que é o que importa, veja bem:
Título: ” Lina afirma ter achado agenda que traz reunião com ministra”
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/10/18/a-lina-da-cpi-desmente-a-lina-da-veja/#more-36252
O episódio que gerou a série “Dilma mente”
Por Neves
Essa obsessão do Partido da Imprensa e demais partidos aliados dele no Congresso em pegar a Ministra Dilma na mentira não é novidade. Vale a pena recordar:
http://www.youtube.com/watch?v=OaW8MxxdcVY
Eles insistem obstinadamente em criar fatos que demonstrem que a ministra mente, porque a resposta que receberam na primeira tentativa é uma dor que percorre o corpo e consciência dessa gente até hoje:
http://www.youtube.com/watch?v=ntVZB12ktPg
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