O jogo político está adquirindo uma dinâmica curiosa, intensa, previsível. Mas, quando explodir, apanhará grande parte da opinião pública de surpresa, porque a partidarização da mídia mantém esse movimento nos subterrâneos da política.
São esses os fatos:
1. O DEM está francamente desanimado com a candidatura José Serra. Não vê a hora de pular para o barco de Aécio. Considera a candidatura Serra pesada, sem oferecer o fato novo capaz de segurar a onda Dilma.
2. Na avaliação de alguns caciques do DEM, a exposição de Dilma a ajudará cada vez mais, anulando a campanha midiática para marcá-la como “mentirosa” e “truculenta. Já em relação do Serra, considera que a exposição será prejudicial, pela falta de empatia do candidato, por sua própria idade e pela dificuldade em articular discurso anti-Lula.
3. Está cada vez mais intensa a percepção de que Serra não sairá candidato a presidente, por seu receio histórico de correr riscos. Veja bem: é uma percepção que vai se formando, não necessariamente o que Serra estaria pensando neste momento.
4. Em São Paulo, a falta de jogo de cintura do governador provocou um racha inédito. Os três grupos debaixo do guarda-chuva Serra estão em guerra: o de Serra, o DEM de Kassab e o PSDB de Alckmin. Dois dos três candidatos favoritos – Kassab e Alckmin – mantêm um casamento de conveniência, mas não confiam em Serra. Esta guerra deve explodir em breve. Com essa falta de habilidade política, como seria em uma realidade infinitamente mais complexa, de governar o país?
5. Lula já conquistou totalmente o meio empresarial paulista. Há resistências contra Dilma, muito mais devido à campanha midiática do que ao conhecimento da candidata. Em relação à Serra, consolida-se a percepção de um político autocrático.
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