sábado, 27 de setembro de 2008

Mais um laudo negativo - por Luis Nassif

Por Stanley Burburinho
De O Globo
Laudo técnico

Exército atesta que Abin não pode grampear celular

Publicada em 26/09/2008 às 23h38m

BRASÍLIA - O laudo técnico do Exército encaminhado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, à CPI do Grampo, revela que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) possui cinco equipamentos que podem fazer grampos telefônicos, mas apenas em aparelhos de linha analógica. Os aparelhos, segundo o laudo, apresentam limitações de acordo com a freqüência e o tipo de transmissor. O laudo é categórico ao afirmar que a parafernália da Abin, analisada por três oficiais do Exército, não pode grampear celulares.

Essa constatação acaba fragilizando ainda mais a posição do ministro da Defesa, que vinha defendendo, dentro do governo, a tese de que os equipamentos da Abin foram usados para escutas ilegais no telefone do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes. A conversa de Gilmar com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) ocorreu por telefone celular, que não pode ser grampeado por esses equipamentos. (...)
A conclusão dos militares do Exército é semelhante à de outro laudo, elaborado pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC), da Polícia Federal, e divulgado semana passada . A PF também atestou que a Abin não poderia ter usado aqueles aparelhos para grampear Gilmar Mendes, que teve seu diálogo divulgado na imprensa.
"Os equipamentos disponibilizados para análise pela Abin não possuem meios de monitoração e gravação eletrônica de celulares GSM e CDMA", diz a parte de conclusão do laudo. O texto lista, no entanto, os equipamentos da Abin que podem fazer escutas em linhas convencionais analógicas. A relação inclui até um gravador de fita cassete.
"A Abin detém um equipamento de gravação de telefone fixo (o gravador), dois de telefone fixo com limitações e cinco de gravação de emissões eletromagnéticas analógicas com limitações", diz o laudo.

Relembrando o factóide da IstoÉ

A sombra ameaçadora da ABIN

As revelações de ISTOÉ expõem as armações da cúpula da agência, e o general Jorge Felix sofre críticas no Planalto

por Mino Pedrosa e Hugo Marques

ELES SABEM luiz Corrêa e Paulo lacerda (esquerda), o delegado Protógenes Queiroz (centro) e o juiz Fausto De Sanctis (direita): na Satiagraha, a Abin tinha mais que o dobro de agentes da Polícia Federal

(...) A última semana foi decisiva para desmascarar a forma como vem funcionando o serviço de inteligência do governo, que repete práticas adotadas na ditadura, inaceitáveis em um Estado democrático. Sentados na Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso, o general Felix, o diretor afastado da Abin, Paulo Lacerda, e o diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa, não conseguiram apresentar um parecer sobre as maletas de escutas do governo.

Uma fonte qualificada da Abin, no entanto, disse à ISTOÉ que a maleta da agência faz, sim, grampos. Basta colocar um pequeno gravador no equipamento que deveria apenas fazer varreduras. As maletas da Abin foram compradas num mesmo pacote de equipamentos do Exército. A Aeronáutica e a Marinha também possuem malas assim. Eis a grampolândia da área militar, exposta na briga de Felix e Nelson Jobim, da Defesa. Agora, o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), presidente da CPI dos Grampos, quer saber por que as Forças Armadas precisam de equipamentos para grampear telefones.

A última carta do castelo de mentiras da Abin caiu com a entrevista do espião Ambrósio nesta edição.


Comentário
Confira-se essa barafunda manipulatória com o editorial da Folha de hoje, usando o caso do falso grampo de Veja como exemplo do bem que faz manter o instituto do off a qualquer preço.

Comentário meu: Afinal de contas, de quem é a "última carta do castelos de mentiras"?

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