quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A suspeita que paira no ar - por Luis Nassif

A cada dia que passa, mas fortes são as suspeitas de que o suposto grampo em Gilmar Mendes e Demóstenes Torres foi uma armação da revista Veja. A revista não mostrou o áudio nem os documentos que dizia dispor – e que lhe teriam permitido garantir que o grampo foi feito pela ABIN.
Não se trata de entregar a fonte, mas apenas de mostrar documentos que a revista diz possuir. A revista não apenas acusava a ABIN pelo grampo, como atribuía à agência uma verdadeira fábrica de grampos.
Mas, até agora não se conseguiu comprovar um grampo sequer.
É possível que a ABIN tenha disfarçado bem sua suposta atividade paralela. Mas uma fábrica de grampos, da maneira descrita na reportagem, não poderia se abrigar em uma saleta secreta, em um porão. Envolveria muitas pessoas, seria do conhecimento do universo da arapongagem brasiliense - que é íntimo da revista. Por isso, é possível que a revista tenha montado um falso escândalo, com graves consequências: o episódio quase induziu a um conflito entre poderes, com graves desdobramentos institucionais.
Se comprovada a armação, a Abril cometeu um crime grave. Para saber se cometeu o crime, há a necessidade de abrir um inquérito. Quando se irá começar a investigar? Quando o Ministério Público irá se pronunciar? Uma publicação, por mais poderosa que seja, não pode estar acima da lei.

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